domingo, 27 de maio de 2007

Resenha dos Seminários com Gestores públicos

Universidade Federal da Bahia
Faculdade de Comunicação
Disciplina: Seminários de atualização em cultura
Docente: Leonardo Costa
Discente: Rafael Lauria Raña Viana

Resenha
Debate com convidados da Secretaria da Cultura e da Fundação Cultura do Estado

No dia 08 de Março de 2007, gestores públicos da cultura recém empregados em seus cargos após a eleição do novo governo do Estado da Bahia reuniram-se com o meio acadêmico e integrantes da mídia na Faculdade de Comunicação da UFBA afim de que fosse apresentado o novo plano de governo para a gestão que será vigente durante os próximos quatro anos.
Dentre os gestores convidados a apresentar seu plano de gestão estavam Póla Ribeiro, que assumiu o Irdeb; Frederico Mendonça, do Ipac; Gisele Nussbaumer (Gica), diretora da Fundação Cultural do Estado da Bahia (Funceb) e Ubiratan Castro, gestor da Fundação Pedro Calmon. Seguindo a ordem de apresentações, Póla Ribeiro, do Ipac, foi a primeira. Um dos fatos mais importantes de sua gestão e de todas as outras na área da cultura no Estado foi a divisão que ocorreu, segundo Póla ´´ à facão ``, entre cultura e turismo. A partir deste ano, a Secretaria não será mais de Cultura e Turismo, mas unicamente de Cultura. Entretanto ela ainda é, segundo Póla Ribeiro, uma espécie de ´´ Frankenstein``, cheia de retalhos de outras áreas diversas que não a cultura. Póla acredita que a mídia de um modo geral, mas mais especificamente a TV, possui uma função de ´´ tirar o véu``, ou seja, expor os fatos e estar comprometido com a realidade. De acordo com a palestrante, Márcio Meirelles, novo secretário da cultura, teve um compromisso em ´´ tirar o véu`` quando foi apresentar a equipe da Secretaria para as comunidades. A gestora acredita que existe um jornalismo fraco na TV baiana, descompromissado em ´´ tirar o véu``, uma vez que não deu a devida importância às mudanças na nova gestão e seu plano de governo. Fora isso, um ponto importante colocado ainda nessa primeira apresentação é o plano de se associar às rádios comunitárias e abrir novas possibilidades, oxigenar a rádio no Estado, levando profissionais para fazer oficinas de capacitação.
O segundo gestor público da cultura a expor seu plano de ação foi Frederico Mendonça, do Ipac. Sua primeira colocação foi um esclarecimento acerca da função do Ipac, desconhecida pela maioria das pessoas, que é a responsabilidade pela área de patrimônios públicos da cultura, se guiando pela noção de patrimônio cultural presente na constituição brasileira. De acordo com Frederico Mendonça, o Ipac está profundamente carente de um suporte mais efetivo, valorização do quadro funcional e técnico. Ele afirma que os funcionários ´´ perderam o tesão`` principalmente devido aos baixos salários. Falou da diretoria de Museus, enfatizando que a maioria deles está concentrada no Pelourinho e que a situação dos museus em geral vai de regular a péssima e nenhum deles está numa boa situação. Um ponto importante dessa nova gestão foi o fim do projeto ´´ Pelourinho Dia e Noite``. Frederico Mendonça disse que é preciso ´´ arquivar esse nome no fundo do oceano``. ´´ O pelourinho não é um shopping 24 horas e não há necessidade de fazer espetáculo em cima de espetáculo. O Pelourinho em si já é um espetáculo. Nada mais de palco gigante no Pelourinho``. A ação do Ipac hoje é, segundo ele, recolocar em discussão a associação da ação de valorização do patrimônio à preservação do meio ambiente e ao desenvolvimento urbano. Enfatiza que a gestão deve ter um posicionamento crítico referente a essas necessidades: ´´ É preciso se instrumentar, se armar, para a demanda das prefeituras e comunidades do interior. Um prefeito do interior tombou de uma só vez 25 imóveis``.
Após Frederico Mendonça, Gica, diretora da Funceb, fez uma rapidíssima, ainda que objetiva e completa, apresentação com slides sobre as mudanças na nova gestão. Entre os pontos mais importantes colocados dentre os inúmeros citados estavam a redefinição da administração interna e do quadro de funcionários. Ela enfatizou mais de uma vez que a Funceb conta com 1.200 funcionários. ´´ É preciso mexer no funcionamento interno. A estrutura é grande, antiga e defasada. O peso da estrutura paralisa o funcionamento``. Além disso, de agora em diante, as seguintes áreas terão diretorias específicas: Dança, Música, Teatro e Artes Visuais. Cada uma dessas terá uma diretoria separada das outras, não mais existindo, por exemplo, a Diretoria de música e artes cênicas (Dimac), de forma que cada uma dessas áreas tenha a partir de agora uma atenção especializada. Uma outra questão relevante colocada foi a reformulação do projeto ´´ Sua Nota é um Show``. A proposta da nova gestão da Funceb é ampliá-lo para além da Música, de forma a incluir também espetáculos de Dança, Teatro e outras áreas.
Em seguida, foi a vez da exposição do plano de gestão da Fundação Pedro Calmon por Ubiratan Castro. O palestrante tinha convicção ao iniciar seu discurso afirmando que o Governo de Lula e a eleição de Wagner são um marco para desenvolvimento social na Bahia. Ubiratan explicou em seguida que a Fundação Pedro Calmon é responsável pela área de literatura e Biliotecas na gestão pública da Cultura. Um dos pontos de maior importância em sua apresentação foi a referência aos problemas de estrutura na Biblioteca Central, uma de grande porte e bem localizada, próxima à Estação da Lapa. O prédio necessita de manutenção e o público tem caído, o que aponta para a necessidade de os gestores se ocuparem do problema, de ser gasto dinheiro para a recuperação do prédio e de se colocar em prática novas estratégias de levar o público ao encontro da leitura. Nesse sentido, ele cita o Programa Nacional do Livro, empregado pelo Governo Federal, e afirma que se precisa criar um programa estadual também. Ele acredita na idéia de caravanas de leitura, de ir às ruas para levar os livros à população, uma ´´ caravana popular com literatura popular``. Em suma, afirma que o desenvolvimento deve ser pautado por democracia e participação popular, o que leva a crer que tem a intenção de assim o fazer em sua gestão.

quinta-feira, 24 de maio de 2007

O músico João Reis fala sobre Música Independente


O músico João Reis, convidado da palestra sobre Música Independente, começou a sua fala sobre a IMA - Independência Musical Associada - constituída por um grupo de músicos independentes, com o propósito de criar condições de produção, execução, divulgação e distribuição dos trabalhos de seus artistas para o Brasil e exterior. Além disso, a IMA pretende formar uma entidade jurídica, que represente os seus associados.

Dentre algumas realizações da IMA, pode-se destacar o projeto “Noites Independentes”, que consiste em uma série de apresentações dos artistas do IMA, alternadas com debates em meio a apresentações musicais, possibilitando uma integração entre músicos, bem como a produção de conhecimento sobre o mercado da música independente. Os shows, por sua vez, estão inseridos num projeto maior, o Circuito de Shows IMA, o qual realiza shows dos seus músicos independentes associados. Esse circuito inclui, como espaços de apresentação dos shows, o Teatro Sesi, o Espaço Mar de Esmeraldas, a Casa da Mãe e espaços ao ar livre, como a Lagoa do Abaeté.

Para maiores informações sobre a IMA:
http:
//imabahia.vilabol.uol.com.br

João ressaltou, em seu discurso, a potencialidade da Bahia no cenário artístico como um todo, em especial na música, ao se caracterizar historicamente no ambiente cultural, como um importante centro de criação e produção, ao revelar artistas que figuram entre os mais criativos e respeitados no cenário nacional. Em contrapartida, Reis salienta que, nos últimos anos, há uma predominância quase exclusiva da música de carnaval, popularmente conhecida como Axé Music. Tal generalização tem contribuído para que outros centros, como Pernambuco e Ceará, ocupassem o espaço de renovação e dinamismo na área da música.
Tendo como ponto de partida esse pressuposto, pensou-se na necessidade de organizar ações que fortaleçam iniciativas artísticas de pequeno porte. Assim, o Programa de Apoio à Exportação de Música (Pró-Música) é uma parceria entre o Ministério da Cultura e o Sebrae, lançada em 2005, no sentido de ampliar e expandir a produção musical brasileira, tornando-a mais presente no exterior. A partir deste plano, surgiu o POMBA – Pólo de Desenvolvimento da Música Independente da Bahia, que é composto pelo Terreiro Circular e pela IMA. João destacou a futura participação da IMA na Feira da Musica Independente Internacional de Brasília, no qual, de 02 a 05 de maio, irá reunir muitos artistas da música independente do cenário nacional e internacional, buscando estabelecer relações comerciais e vínculos artísticos.

Pegando este gancho, Reis lembra do dualismo entre o Mercado X mercado, onde o primeiro está associado ao esquema das gravadoras “majors” e o segundo se refere ao segmento independente, o que não quer dizer amador nem completamente independente do grande circuito. Além disso, endossou o que se pode chamar de segmentação de mercado no campo da música, no qual os produtos já têm seus públicos específicos, cada vez mais exigentes, não só em relação a música em si, como também pela sua embalagem e, observando este fato, muitas gravadoras inventam maneiras de atrair este público, com produtos mais elaborados.
Em relação ao SEBRAE, João afirma que esta instituição apoiou a estruturação da IMA desde o seu início, ao incentivar o fomento dos negócios na área de música, bem como apoiou a realização de eventos em outros estados que contaram com a participação da IMA. Houve também o lançamento de um CD de apresentação da IMA, produzido pelo POMBA, junto com parceiros, em janeiro de 2007.

Uma das questões apontadas na palestra foi a respeito da Associações de Produtores Culturais, APC, que atua em Salvador e no interior do estado, cujas reuniões acontecem freqüentemente, em locais como a FTC. Mesmo estando em fase inicial, a Associação já aponta algumas diretrizes, dentre elas a congregação dos produtores culturais, objetivando a troca de informações e experiências; a defesa dos direitos e interesses da classe dos associados; contribuir com a capacitação dos produtores culturais e a manutenção de um órgão de orientação jurídica e consultoria técnica de aspectos concernentes à área.

Contato da Associação: produtoresculturais@gmail.com

terça-feira, 22 de maio de 2007

Bate-papo com Fernando Marinho na Facom

Discutir a importância do registro profissional do produtor cultural junto ao Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculos de Diversões do Estado da Bahia (Sated-Ba) foi um dos temas abordados por Fernando Marinho durante o bate-papo com os alunos da disciplina Seminários de Atualização em Comunicação 2007.1 na Facom. Além de graduado em direito pela Universidade Federal da Bahia e mestre pela Fundação Getúlio Vargas, Fernando é músico, ator, diretor teatral e artista plástico.

Com muito bom-humor, Fernando Marinho sintetizou a realidade da produção cultural brasileira e baiana a uma pergunta crucial: Existe algum ator, diretor ou músico “global” que participa do projeto? Apesar da pergunta capciosa, as respostas, segundo Marinho, condizem com o momento atual.

Caso a resposta seja positiva, o cronograma será cumprido, a captação de recursos seguirá as metas e o evento terá ampla cobertura. Fernando afirma que no caso oposto o produtor cultural encontrará diversos obstáculos para a realização do seu evento. “Entretanto, aí deve atuar a versatilidade do profissional e começar a pensar como um vendedor”, explica.
Ao falar de teatro, Fernando Marinho ressaltou que um projeto bem escrito não capta recursos. “O importante é pensar como o patrocinador e identificar onde podemos incluir a marca ou produto no espetáculo de modo criativo. Temos inúmeras possibilidades que vão além do banner, dos folders e outras mídias tradicionais. Uma vez montei um cenário inteiro com tubos de PVC e quem era o patrocinador? A Tigre! É claro que personalizamos as peças e tiramos as marcas (da patinha), mas podemos mostrar o patrocinador em quase todo lugar, desde a música e a cenografia até no figurino”, diz.

Outro ponto importante destacado por Fernando, que também é presidente do Sated-Ba, é a falta de interesse dos profissionais do ramo artístico em filiar-se ao sindicato. Ele aponta que as mobilizações são eventuais e quase sempre originadas pela ausência de editais públicos para a democratização da cultura. “Temos assembléias lotadas na Faculdade de Teatro (Ufba) até o momento em que o governo municipal, estadual ou federal lança algum edital complementar. Como a maioria dos profissionais vive de escrever projetos, todos correm e esquecem das outras reivindicações da classe debatidas em assembléia”, comenta.

Mini-Currículo: Fernando Marinho foi vencedor em concursos de piano e de arranjos da Universidade Católica de Salvador. Como ator e diretor teatral, obteve três prêmios de melhor ator, dois prêmios de direção e duas menções honrosas com trilhas para espetáculos teatrais. Fez apresentações em diversos estados brasileiros e em cidades americanas e européias. É fundador da Companhia Baiana de Patifaria, marco na história do teatro baiano, diretor artístico do Troféu Caymmi, curador do Festival de Música Instrumental da Bahia, além de membro da Comissão Gerenciadora do Programa de Incentivo à Cultura do Estado da Bahia – o Faz Cultura.

quinta-feira, 17 de maio de 2007

Resenha sobre o texto de Sérgio Sobreira “Públicos e Mercados Culturais para o Teatro Baiano

Sérgio Sobreira inicia o texto comentando sobre as dificuldades enfrentadas pelo teatro baiano nos anos 70 e 80, época em que os espetáculos permaneciam alguns dias ou, no máximo, poucas semanas em cartaz, embora muitos desses espetáculos fossem de grande qualidade. A estréia da peça “A Bofetada” na Sala do Coro do Teatro Castro Alves em 19989, representou uma grande vitória para o teatro baiano sob o ponto de vista cultural e econômico, uma vez que alcançou índices de público e de permanência em cartaz nunca antes experimentados.

Outras produções passam a conhecer o êxito de permanecer em cartaz por longas temporadas, além de obter também o reconhecimento da critica e da mídia. Tais espetáculos, assim como “A Bofetada”, eram pautados pela comédia e pelo humor como “Los Catedrásticos”; “Os Cafajestes” e “Noviças Rebeldes”. Posteriormente, outros gêneros teatrais, como a tragédia e o drama, “alcançaram um sucesso até então inédito para espetáculos mais densos e de assimilação mais complexa, como “O Sonho” (1996/1997) e “Divinas Palavras” (1997/19998)”.

Nesse novo contexto, o campo da cultura cresce e se desenvolve sob diversos aspectos. Novas salas de espetáculos são construídas, antigos teatros são reformados e novos meios de fomento à produção como as leis de incentivo, os editais e os prêmios de montagem são criados. A consciência tanto do governo - a política cultural exarada pelo governo vai estabelecendo progressivamente novos mecanismos de interlocução entre os segmentos que compõem a cena cultural baiana, principalmente por meio das leis de incentivo – como também por parte de outros segmentos como a exemplo das empresas privadas.

Antes não havia uma visão mercadológica do teatro baiano e o entendimento da cultura como negócio era precário por parte dos artistas que, na grande maioria das vezes, dependiam de outra atividade profissional para sobreviver. A incorporação pelos meios de produção de estratégias de comunicação melhor estruturadas foi acrescida a novos diálogos com os seus públicos e mercados, ou seja, novos investimentos na divulgação foram feitos (antes se investia apenas nos impressos gráficos, a exemplo de cartazes e panfletos).O direcionamento para as mídias de largo alcance, como spots de rádio, veiculação de chamadas de TV e exibição de outdoors são alguns exemplos. Dessa forma, segundo Sérgio Sobreira, numa trajetória de pouco mais de dez anos houve uma mudança substantiva no perfil da produção teatral baiana.

“Os fatores contributivos à obtenção do êxito têm sido os mais diversos: a escolha oportuna dos textos, a alta qualidade interpretativa dos atores baianos, a pluralidade estética de nossos encenadores aliado ao talento dos diretores proporem dramaturgias renovadas” afirma Sérgio Sobreira. Acrescentando a todos esses fatores o novo relacionamento do teatro baiano com a mídia é possível compreender a nova relação instituída entre o palco e a platéia.

Novas formas de atuação profissional também têm surgido ampliando as condições de sobrevivência da categoria. O teatro pode ser usado como instrumento de ação pedagógica no trabalho e na escola, assim como na realização de oficinas. O surgimento do pólo de teledramaturgia também se constitui como um importante meio de afirmação profissional dos talentos advindos do teatro.

Num segundo momento do texto, Sérgio Sobreira afirma que as universidades baianas precisam desenvolver pesquisas de estudo e análise do contexto onde a cultura se insere. Como professor substituto da Faculdade de Comunicação da UFBA, teve a oportunidade de ministrar a disciplina “Oficina de Análise de Públicos e Mercados Culturais” em que foi possível realizar com os alunos três pesquisas sobre o perfil de consumo cultural de alguns segmentos sociais.

A partir da análise dos resultados obtidos com a pesquisa foi possível constatar, entre outras coisas, que a preferência do universitário baiano, seja ele de faculdade gratuita ou paga, pelas atividades de entretenimento e lazer é acima de tudo para música e cinema. O teatro surge numa terceira posição indicando que há interesse por parte dos jovens, mas ainda não é a opção preferencial de entretenimento do público que, por diferentes fatores, ainda se acha distanciado do acesso às salas de espetáculo.

Se por um lado, é possível haver um grande número de espetáculos teatrais em cartaz na cidade, por outro, ainda estamos aquém do potencial de crescimento deste mercado. As pesquisas comprovam que o teatro não é a opção de entretenimento do público, principalmente dos jovens, mas ainda assim muitos desses podem ser motivados e atraídos para as platéias soteropolitanas. Segundo Sérgio Sobreira é preciso saber comunicar aos jovens que ir ao teatro é uma opção cultural de lazer satisfatória, prazerosa e a um custo acessível. “Na medida em que for capaz de conciliar arte e mercado, cultura e negócios o teatro baiano crescerá cada vez mais”.


sexta-feira, 11 de maio de 2007

TECNOLOGIA A SERVIÇO DA CULTURA

TECNOLOGIA A SERVIÇO DA CULTURA
Ministério da Cultura aprova projeto de estudantes sobre novas mídias

Aprovado pela Lei Rouanet do Ministério da Cultura, o projeto Putzgrilo - Podcast Cultural já tem motivos de sobra para comemorar! Dos famosos bate-papos no fundão da sala de aula, três alunos do curso de Comunicação em Jornalismo e Produção em Comunicação e Cultura da UFBA deram vida a este projeto inovador, que consiste na criação de uma página na internet para abrigar informações sobre o cenário cultural baiano; divulgação de entrevistas com professores, produtores culturais e patrocinadores da cultura; veiculação da agenda cultural semanal; além de uma boa programação musical. Todo o conteúdo será produzido por uma equipe formada por um jornalista, um produtor cultural e um estagiário de produção, e será disponibilizado no formato de Podcast. Durante 11 (onze) meses, serão veiculados dois programas semanais de uma hora cada.

Para quem não conhece ainda a nova tecnologia, o site Wikipedia.com (maior enciclopédia do mundo) define Podcast ou Podcasting sendo uma forma de publicação de programas de áudio, vídeo e fotos pela Internet que permite aos usuários acompanhar a sua atualização. A palavra “podcasting” é uma junção de iPod - um aparelho que toca arquivos digitais em MP3 - e broadcasting (transmissão de rádio ou tevê). Assim, podcast são arquivos em áudio que podem ser acessados pela internet. Estes áudios podem ser atualizados automaticamente mediante uma espécie de assinatura. Os arquivos podem ser ouvidos diretamente no navegador ou baixados no computador.

Apesar de ter conquistado um importante passo, a materialização do Putzgrilo ainda depende de um incentivador fiscal – etapa em que, infelizmente, muitos produtores culturais adiam o sonho de colocar em prática suas idéias. Por isso, pedimos o reforço da imprensa baiana nesta empreitada jovem, mas bastante madura e criativa. Embarquem nesta viagem com a gente!


By Marcus Ferreira
pankjones@hotmail.com

quinta-feira, 10 de maio de 2007

Resenha da palestra feita pelo escritor Dênisson Padilha

Na sexta-feira, dia 20/04, a FACOM contou com a presença de Dênisson Padilha, escritor e ex-secretário de cultura de Rio de Contas, que falou um pouco da sua trajetória, de seus livros e das dificuldades do escritor independente diante do mercado editorial, durante a aula da disciplina Seminários de Atualização em Comunicação.
Ao se apresentar, Padilha traçou os seus primeiros passos como escritor. O primeiro livro, intitulado Gavihomem, foi lançado entre 1996 e 97, resultado de sua vitória no concurso Art Contemp, na categoria poesia. Em 99, foi lançado Aboios Celestes, livro que já contava com um trabalho de editoração melhor. Em nenhum dos dois livros houve facilidade no percurso que vai da construção dos textos e das imagens ao trabalho final de editoração e de distribuição.
A experiência que adquiriu ao longo desses dois trabalhos, fez com que o autor entendesse o livro como resultado de um processo mais amplo de editoração, não como algo apenas concluso em seus próprios textos e imagens. Segundo Padilha, ao escritor não cabe somente escrever; ele deve pensar, além disso, na edição e na distribuição do seu trabalho. Por outro lado, deve ter consciência de que estes trabalhos complementares precisam ser feitos por outros, especialistas em suas áreas. Em outras palavras, o autor não pode ser ingênuo ao ponto de pensar que sua obra estará concluída no momento em que finaliza os textos, mas, também, não pode pensar que todo o trabalho pode ser feito por ele; deve, sim, pensar de forma ampla, como um empresário, que supõe todas as etapas do processo de criação de um produto e equipes para trabalhar nesse processo – no caso da literatura, essa equipe se constitui na editora e na distribuidora, entre outros.
Para um escritor independente – que não possui patrocínio durante a composição de sua obra –, o caminho a percorrer até a distribuição do livro não é fácil. Em Carmina e os Vaqueiros do Pequi, terceiro livro de Padilha, não foi diferente. Mais uma vez, o autor teve de buscar, por conta própria, patrocínio, edição e distribuição da sua obra.
O patrocínio, conseguiu através da prefeitura de Rio de Contas, ao apresentar o enredo do livro, ambientado no semi-árido, com características semelhantes as da região de Rio de Contas. Já a edição, foi feita pela editora Santa Luzia. Os manuscritos do livro foram lidos pelo dono da editora, que gostou do texto e se propôs a editar a obra, sem cobrar pela revisão. A distribuição, como sempre acontece com o escritor independente, foi feita de livraria em livraria, de porta em porta, solicitando que algumas cópias do livro fossem colocadas à venda pelos livreiros.
Segundo Padilha, o Estado deveria assumir esse papel de distribuidor; facilitar o acesso à obra em diferentes localidades, beneficiando, assim, escritores e leitores, artistas e públicos interessados. Ao Estado caberia menos o papel de editar e patrocinar as obras do que o de fomentar a expansão e o acesso a elas. Como já foi dito, o autor defende que o artista deve pensar como empresário, utilizando-se das leis de incentivo à cultura, através das quais ele pode captar os recursos necessários para a composição e edição de seus livros. A partir daí, o Estado desempenharia a função de distribuir, expandindo o acesso à obra para além de um número reduzido de pontos de venda ou pequenas livrarias.
Num determinado ponto da aula, uma questão foi levantada: existe artista sem público? Essa questão surgiu quando Padilha afirmou que acreditava não escrever para essa geração, que vive na era da informação e não da formação. O escritor leu um trecho de seu último livro, Carmina e os Vaqueiros do Pequi, e perguntou se a turma não concordava com ele.
Diante da pergunta, afirmou que, durante o seu trabalho de criação, não pensa na reação do receptor, ou seja, não escreve supondo um determinado tipo de público e uma forma de agradá-lo. Segundo o autor, todo escritor (independente, principalmente) precisa de um estímulo interno, precisa ser motivado pela sua própria criação, pois ele não tem o contato direto com o público durante esse processo, diferente de um artista musical, que tem uma prévia da reação do público através dos shows anteriores ao lançamento de um novo disco, por exemplo. A literatura é uma arte silenciosa, reservada e, por isso, não pode depender diretamente da reação do público.

segunda-feira, 7 de maio de 2007

Texto: Políticas públicas para o livro e a leitura na sociedade da informação e sua influência na indústria editorial de Salvador.

O texto em questão, trata da relação livro, editoras e leitura. Com base em pesquisas nacionais e locais o texto aborda as políticas de incentivo à leitura e seus reflexos na indústria editorial de Salvador.
Um dos obstáculos para um programa de leitura eficiente está num setor que interfere na vida e na sociedade como um todo-a educação. O atual governo propõe elevar o índice de leitura dos brasileiros através da abertura de livrarias e financiamento à editoras, além do Programa Nacional do Livro (PNLL),que visa zerar o Número de municípios sem bibliotecas,mais a aquisição de 2.500 títulos para cada biblioteca implantada sendo 2.000 caracterizados como acervo básico e 500 adquiridos nos próprios Estados,visando a manutenção das culturas regionais e o fortalecimento das editoras regionais.
Segundo dados do INEP o Brasil possui mais de 16 milhões de analfabetos sendo que 50% se concentram na região Nordeste, fato que reflete o baixo desenvolvimento econômico da região e as desigualdades sociais. O Programa Internacional de Avaliação de Alunos (PISA), coloca o Brasil como um dos “lanterninhas” em interpretação de textos, distinguindo alfabetização(conhecer o código) de letramento (saber usar e interpretar o código).Com o surgimento de novos meios de informação a questão é ao mesmo tempo colocar os indivíduos em contato com as novas tecnologias, o que se torna um desafio duplo no nosso país.
No Brasil desde o início do século XIX existem políticas públicas voltadas para o livro. Esses programas não são eficientes, pois não há continuidade dos programas por parte dos governos subseqüentes. Temos um apanhado de leis e programas como: Lei Rouanet (lei 8313/91), Lei do Direito Autoral (lei 9610/98), Política Nacional de Livro (lei10. 753/2003), Pronac http://www.minc.gov.br(Programa Nacional de Incentivo a Leitura), Comissão Nacional de Incentivo à Leitura (cenic), a Lei Sarney, etc. todas essas com projetos voltados para o livro e a leitura.
Na Bahia, a Fundação Pedro Calmon desenvolve Políticas estaduais para o livro.
O texto também faz um levantamento sobre a atividade editorial de salvador encontrando 10 editoras privadas, três órgãos públicos que possuem atividade editorial, porem não regulares, e cinco editoras universitárias. A pesquisa atenta para o pouco tempo de existência das editoras soteropolitanas onde 43,75% têm até cinco anos de fundadas, e mais de 56,25% possuem linha editorial definida, mais de 25% publicam apenas autores baianos. Constatou-se também a falta de um conselho editorial na maioria delas, comprometendo a qualidade do produto, mas também possibilitando que autores novos tenham suas abras aceitas. 56,25% das editoras, visando o lucro, utilizam-se do sistema de participação financeira por parte dos autores. 62,5% das editoras são adeptas da co-edição. Apenas 6,25% possuem parque gráfico, e em Salvador, parte das gráficas são consideradas despreparadas e de baixa qualidade se comparando-as com as do Rio de Janeiro e São Paulo.
Continuando a pesquisa com sete editoras privadas e uma universitária e pública associadas à Câmara Bahiana do Livro, todas as editoras disseram conhecer e participar das discussões dos programas desenvolvidos pelo governo, dois se revelaram descrentes devido a região ser pouco beneficiada.Metade dos entrevistados acredita no retorno de investimentos as editoras por desoneração fiscal,podendo acarretar na redução do preço dos livros.Em Salvador, dois entrevistados dizem estar comprometidos, e seis desconhecem e/ou duvidam da seriedade das ações empreendidas pela Câmara Bahiana.Dentre os entrevistados um disse se utilizar da Lei Rouanet, três do Faz Culturahttp://www.fazcultura.ba.gov.br, e quatro se dizem desestimulados pela burocracia, além da falta de controle sobre a aplicação de recursos públicas.
Do Programa Fome de Livro somente duas editoras participaram seis não escreveram títulos, onde cinco destes disseram não ter conhecimento sobre a abertura das inscrições, um deles disse que não se inscreveu por acreditar que o programa é para formação de leitores.
Com isso conclui-se que, por serem jovens as editoras de Salvador apresentam características que as colocam em desigualdades em relação às editoras do Rio de Janeiro e São Paulo. Elas se mostram também pro ativas diante do governo. Esse Estudo conclui que se faz necessário à implementação de políticas voltadas para as editoras, além, da criação e/ou desenvolvimento de bibliotecas públicas e escolares.

sexta-feira, 4 de maio de 2007

Hip-hop como instrumento de luta dos movimentos sociais

“Hip-hop – um movimento musical, que, mesmo mantendo o seu aspecto periférico geográfico e cultural, começa a sair da margem para ocupar lugares no centro e constituir o diferencial de estilo e gosto musical de uma parcela da juventude brasileira que prefere evitar o clichê dos dias atuais, (...). Dessa forma, o hip-hop surge como uma forma de narrar à situação social e econômica a que estão submetidas essas populações, (...).”
O movimento social, que utiliza a música para mostrar a realidade das periferias,
é uma mistura de sons de rua. Nas letras, encontramos críticas a sociedade, ao governo, educação, etc. O movimento surge nas favelas e periferias dos grandes centros. Geralmente, quem participa do movimento são pessoas de classe baixa, que utilizam na música, expressões como o rap, break e grafite para discutir e expor soluções da realidade na periferia.
Nascido nas periferias norte-americanas, o hip-hop conquistou o mundo com sua batida e versos que abordam a realidade dos grupos sociais. No Brasil, não poderia ser diferente, atingiu públicos de todas as idades, raças e classes sociais. Além disso, o hip-hop tem sido tema de diversos projetos sociais que, assim como os fundamentos desse ritmo, acreditam que paz, amor, união e diversão são importantes elos na luta por uma sociedade melhor.
O hip-hop, a cada dia se torna mais presente. Está em grafites que embelezam ou enfeiam muros e paredes das grandes cidades e nas roupas. É um movimento que invade as metrópoles brasileiras da periferia para o centro. Para muitos jovens, o hip-hop vem fazendo a diferença, mudando jeitos de pensar, dando oportunidades e denunciando a desigualdade social e racial.
Apesar do hip-hop ser um espaço que permite aos jovens das periferias se inserirem na sociedade de forma politizada e crítica, a imagem dos jovens ligados ao movimento nem sempre foi positiva. Os meios de comunicação construíram imagens e representações de uma forma muito negativa, do “delinqüente juvenil”, como se eles fossem uma espécie de inimigo número um das cidades.
O hip-hop tem um forte lado de conscientização. Eles se organizam cada vez mais para que possam criar alternativas para os jovens da periferia não caírem na criminalidade e nas drogas.

quinta-feira, 3 de maio de 2007

Fora de Órbita Rap

O maior evento de batalha de Hip Hop de salvador, dia 04/05 (sexta-feira), às 22h, na Casa do Samba, Pelourinho.

O movimento Hip Hop foi tema da aula do dia 27 de abril de 2007, na Faculdade de Comunicação (FACOM) da UFBA. Atendendo ao que se propôs o professor da disciplina "Seminários de atualização em comunicação", Leonardo Costa, os estudantes presentes na última sexta-feira de abril tiveram a oportunidade de conhecer um pouco da produção baiana de Hip Hop, através da carreira do produtor e músico Rangell, convidado da semana. Ou melhor, dos convidados, já que o evento contou a participação do professor Nelson Maca, que também faz parte do movimento e contribui com suas experiências.
Fazendo uma retrospectiva da sua carreira como produtor e baixista de Hip Hop, Rangell contou quando conheceu o movimento, que se conceitua – segundo ele - através de 4 elementos: o break, o grafite, os DJs e os MC’s (que fazem o Rap). Seu primeiro contato então se deu no ano de 1996, através de alguns discos que sua irmã lhe apresentava. Em 1998, ele assumiu o papel de produtor, após realizar seus próprios eventos. Tanto Rangell quanto Maca fizeram questão de frisar, durante toda fala a dificuldade que eles sempre encontraram para "tocar", a falta de apoio, o preconceito e o acúmulo de funções que tinham que desenvolver, tudo pela sobrevivência deles enquanto participantes do movimento Hip Hop local. Maca exemplificou sua fala dizendo que o DJ que tava tocando em uma festa era a mesma pessoa que fizera a portaria, ou a segurança, ou a produção da festa, como acontece até hoje com Rangell.
"Até hoje, ou você corre atrás, produz seus próprios eventos, faz sua própria divulgação, através da internet - na maioria das vezes, capta recursos, ou você não toca, nem faz seus amigos tocarem. Eu não pensava como produtor cultural, sempre foi por sobrevivência mesmo(...)". Foi o que disse Rangell quando perguntado sobre a produção de Hip Hop aqui na Bahia. Mostrando-se "indignados" com o preconceito que ainda sofrem, e consequentemente com a falta de apoiadores, Rangell e Maca falaram sobre seus principais eventos, nos quais tiveram a presença do grupo "Elemento X", do carioca "Os Racionais MC’s", do "Testemunhaz" (primeira banda de Rangell), do "Afrogueto", "Blackitude", bem como sobre o evento "Fora de Órbita Hip Hop", feito com a ajuda de muitos amigos, apoio de rádios comunitárias (até porque é na periferia onde estão os principais consumidores de Rap) e, curiosamente, o primeiro que gerou lucro. "Sobrou pouca coisa, mas sobrou!"
Falando um pouco sobre o Hip Hop, especificamente, segundo Rangell, é um movimento que dá a liberdade para várias tendências, e cada um defende o seu espaço. Alguns aproveitam para expressar pensamentos revolucionários, enquanto outros se apropriam apenas do seu caráter musical. Uma característica marcante do Hip Hop são as "batalhas freestyle", que acontecem com freqüência no Rio de Janeiro, nas quais a galera julga quem rima melhor.
Por fim, Maca se encarregou de dar um recado e fazer um convite para nós, futuros produtores: "Hoje, nós rappers temos que produzir, mas não é por opção. O grafiteiro tem que ser livre para grafitar. O MC não precisa ser bom porteiro, tem que ir lá e fazer só o dele. A gente precisa de um produtor, não do próprio artista produzindo, cada um na sua área sem sobrecarregar ninguém. Mas para ser produtor de Hip Hop é preciso viver o Hip Hop, para entender como as coisas acontecem. Nada melhor do que prestigiar o maior evento de batalha de Hip Hop de Salvador, marcado para a próxima sexta (04/05), na Casa do Samba, no Pelourinho, às 22h".

O quê? Fora de Órbita Rap

Quando? Dia 04/05 (sexta-feira), às 22h.
Onde? Casa do Samba, Rua do Passo, nº 40, Pelourinho.
Atrações? MC Marechal (RJ), Gutierrez (RJ), Afrogueto, H.U.N., DJ Leandro, DJ Mjay e Batalha de MCs.
Informações? 8877-0274 (Rangell) / 8843-9825 (Leandro) / 9125-3503 (Ozório)

Quer saber mais sobre o movimento Hip Hop no Brasil, acesse os sites:
- www.bocadaforte.com.br
- www.realhiphop.com.br
- www.rapnacional.com.br
- www.tocadiscopublico.blogspot.com (Blog do Rangell)

Outros contatos:
- blackitude@gmail.com
- positivoz@gmail.com (Rangell)