quinta-feira, 5 de julho de 2007

RESENHA ENECULT III MESA FINAL

Enecult III (mesa final) - Balanço final do Enecult
Ocorrida no dia 25 de maio de 2007 às 17hs no auditório da FACOM
Tema: A Institucionalização da área da cultura: Estudos e gestão
Componentes: Mario Mazzili (Brasil)
Isaura Botelho (Brasil)
Albino Rubim (Brasil)

Por: Daniel Mendes

Mario Mazzili

Representante do Itaú cultural resumindo-se basicamente em apresentar para o publico composto por professores, estudantes de comunicação de diversas regiões do país e por interessados no tema as idéias e o andamento do observatório cultural criado pela instituição. Exaltou os 20 anos do Itaú cultural, falando do surgimento dessa estância, o observatório, na USP que iniciou uma “ponte” entre a universidade e as instituições para colaboração na elaboração de políticas publicas para a cultura. Ele também expõe a linha de raciocínio do observatório que é, em primeiro lugar, elaborar estudos para a cultura seguida de uma difusão dos trabalhos produzidos e apoiados, ou seja, uma política de publitização, como por exemplo, a distribuição de revistas – 3 edições para esse ano podendo ser 4 edições no ano que vem – em locais como prefeituras municipais e nas instituições. Conclui sua participação na mesa falando da inauguração do site, onde terá a revista além de artigos e informações sobre o observatório, que fechou um acordo com a USP e a UNESCO para receber pesquisadores internacionais e fomentar a criação de cursos na área da produção cultural.

Isaura Botelho

Partiu do tema citando exemplos internacionais já existentes como o “circle” na França que organiza seminários e facilita a disseminação da produção cultural e o “cultura em link” da UNESCO, além de outros exemplos que buscam como objetivo maior a criação de um instituto de pesquisa permanente, porém, a palestrante não da foco a área da pesquisa e gestão – que era a proposta do tema – se resumindo a focar o fato do Brasil ainda não apresentar uma fisionomia definida nesse setor da cultura. No final da sua participação, após ter sido lembrada pelo colega de mesa Albino, Isaura parte para a proposta do tema dando uma observação importante: é fato que nenhum dos órgãos citados por ela nesse debate planejam a cultura ou a vida cultural. O objetivo desses campos de pesquisas é o de estimular o desenvolvimento de ferramentas nas instituições para a produção cultural. Lembrando que a UFBA é vanguarda na criação de centros de pesquisas em diversos campos das ciências humanas e com o enecult. Concluindo e resumindo sua idéia dizendo que esses campos vêm para estimular os poderes públicos a colaborarem de forma permanente nos setores de pesquisa na área cultural sendo a universidade a principal responsável em criar um ambiente multidisciplinar na área da cultura.



Albino Rubim

Antes de entrar no tema, ele fala sobre a cultura afirmando que ela é uma troca e um intercambio para a ampliação da discussão cultural. Apresentando idéias para essa ampliação, como a criação de formas de interação e a busca de uma consolidação de um campo amplo e generoso na área da cultura. Afirmando também que a comunicação é uma área ambígua, pois compõe o jornalismo e áreas das artes que interagem como campo da cultura. Justificando que os estudos da cultura ocorrem mais nos setores da comunicação. Expondo também uma pesquisa em que alunos que decidem cursar comunicação estão divididos em 1/3 para os que querem jornalismo, 1/3 para os que querem cinema e vídeo (área audiovisual) e 1/3 para os que querem a área da cultura e das artes. Entrando no tema, Albino primeiro cita a FACOM como exemplo devido a já existência de um centro de pesquisa na área da cultura – multidisciplinar – e também a existência de um centro de pós-graduação. A partir daí, foca a institucionalização da cultura apresentando as suas dificuldades de realização: primeiro seria a definição do conceito de cultura, pois esse conceito tem se modificado constantemente. Afirmando que esse termo – cultura – tem múltiplos sentidos. Segundo seria a delimitação de um campo cultural para a área da cultura. Depois ele parte para falar de movimentos históricos na área da cultura: primeiro falando da crise da política no séc.xx, gerando uma “culturalização da política”, ampliando a temática cultural como, por exemplo: mulher, meio ambiente, direitos sexuais, religiosidade e direitos culturais. Depois fala de outro movimento histórico importante que foi a “culturalização da mercadoria”. Bens materiais adquirem valor – bens materializados – forte significação desses bens – impregnação de sentidos. Afirmando que no mundo cada vez mais ocorre a ampliação do campo da cultura. O tema cultura é colocado na agenda publica nacional e global – muitos países participaram de diversos debates culturais levando os EUA a tentar interferir nessa área que para eles era muito caro. A partir da apresentação da noticia sobre a presença de uma convenção universal sobre diversidade cultural onde ocorrem debates sobre políticas publicas, Albino entra no tema da gestão cultural e os seus vários patamares e suas conexões: Globalização, plano nacional, plano supranacional (como a UNESCO) e também em outros patamares (governos locais). Dando ênfase ao protagonismo das cidades nas gestões culturais. Afirmando que elas hoje se ocupam de series de tarefas que antes eram feitas pelo estado. Exemplo: relações internacionais e também no campo da cultura, denunciando a existência de problemas governamentais e de fluxos da produção cultural. Depois, Albino fala dos desafios específicos aos estudos de cultura. Apontando duas ordens: 1) o desenvolvimento do conhecimento disciplinar deixou de ser capaz de dar conta da complexidade da realidade e fez surgir então campos multidisciplinares para dar conta dessa complexidade. 2) a segunda ordem é como criar uma institucionalização? Respondendo ele próprio que tem que haver uma leveza e uma flexibilidade para interagir e respeitar esse caráter especifico da cultura – multidisciplinar – sendo diferente das outras formas de institucionalização já ocorridas.

Final do Debate

Os palestrantes voltam-se para o publico na tentativa de estimular uma reflexão de todos sobre o tema. Expondo as suas expectativas para o assunto debatido. Resumindo que “a institucionalização da cultura” é criar canais para financiar uma melhor gestão da vida cultural. Buscando encontrar as lacunas e procurando as prioridades na área. Apoiando a legitimação de um campo de pesquisa e estimulando a universidade para ela ser o grande centro interlocutor entre os apoiadores e os centros de pesquisa.

quinta-feira, 21 de junho de 2007

Resenha sobre o vídeo
“Da boca pro palco”


O vídeo é um relato de pessoas que de alguma possuem ligação com a produção cultural, seja como produtor, artista ou mesmo atuando nos dois papeis. É importante ressaltar que é um vídeo do ano 2000 e que, portanto, muitas das declarações, que poderiam naquela época soarem como inovadoras, hoje são completamente corriqueiras. Dentre estas falas destaquei, por apresentar pontos interessantes que algumas vezes alimentam certo debate e outras reafirmam o que é repetido incessantemente na faculdade, são as falas de Ivana Souto ( produtora), Rogério Duarte ( professor e designer) e Messias Bandeira ( músico).

Ivana faz considerações acerca da produção cultural enquanto profissão, ressaltando a importância de pensá-la amplamente e a importância do produtor especializar-se e atualizar-se sempre, afirmando que não é possível conceber a produção de qualquer produto cultural sem planejamento, ou seja, sem pensar na pré – produção, na produção e na pos pós - produção.

“É o cara que é afinado com um determinado espírito da cultura e a partir disso se torna produtor. . . em geral é o cara que tem paixão por uma determinada coisa” , essa é a primeira frase de Rogério Duarte e me chamou atenção, primeiro por ir na direção contrária da fala de Ivana e não só por isso, mas especialmente, porque parece no mínimo igênuo. Primeiro, mesmo concordando que pessoas são produtores por amor a algum segmento cultural, não posso pensar que somente esse é produtor, em especial porque se assim fosse, o que justificaria um curso de graduação em Comunicação e Produção Cultural? Ou mesmo como justificar, o fato de que o próprio Rogério Duarte é professor de produção cultural? Aceitar esse argumento seria o mesmo que negar–se. Mesmo naquele tempo o campo já havia se especializado e hoje é inviável pensar a produção de forma amadora e apenas como um hobby de pessoas que são apaixonadas pela arte.

Duarte, nega a dicotomia artistas versus produtores, afirmando que não há razão para sua existência . Na prática não é o que se vê, pois a maioria dos artistas não sabem como lidar com o mundo da produção ou aprendem sobre “duras penas”, e isso pode ser comprovado no próprio vídeo com a fala de Edvaldo Bolagi, quando testemunha sobre as dificuldades para colocar em cena um determinado espetáculo e as dificuldades enfrentadas pelos artistas que montavam o cenário, equipamentos e também como a falta de “tato” com a produção, levou o espetáculo a concluir a montagem no vermelho.

Outro importante trecho do texto é a fala do músico Messias Bandeira, desse discurso destaquei um questionamento sobre as responsabilidades sobre o modo de se produzir cultura Estado, artistas ou iniciativa privada, a quem cabe a função de gerenciar o processo. Ele não expressa uma opinião e por vezes se mostra indeciso. No entanto, considero que os três âmbitos são importantes para o processo, mas cabe ao Estado o papel de gerenciador e regulamentador deste processo, através da criação de mecanismos que incitem o desenvolvimento de produções e da implantação de políticas públicas amplas.

No geral não gostei do vídeo, primeiro porque não trouxe nada de novo e segundo porque a produção não era das melhores. Os enquadramentos, os ângulos e também algumas falas eram desnecessárias se alguns convidados fossem mais explorados. Por exemplo, José de Alencar, Carlinho Cor das Águas, Paulo Henrique, em fim, ou terem através de questionamentos puxar mais informações destes, ou então buscar essas informações de o Rogério, a Ivana ou Messias.

quinta-feira, 14 de junho de 2007

Resenha:

Rock Independente com Jamile Vasconcelos (produtora)

Jamile Vasconcelos é formada em análise de sistema, mas trabalha como produtora cultural. Já trabalhou em projetos como: música no porto, sonora Brasil, mercado cultural, festival da Colômbia, mostra de artistas no SESC, já foi produtora de Bethânia e também é produtora do projeto giro independente. Sempre teve a parte cultural como força motora, mas seu foco é a música.

Segundo Jamile, há alguns anos ela observou que a noite de Salvador estava zerada com relação a projetos e espaços musicais, existia uma cena externa em outras cidades e estados, mas que não passava por salvador. Explica que bandas daqui como Ronei Jorge e Casca Dura agora que estão circulando, antes Retrofoguetes começou a circular para outros estados, mas era muito pouco e não havia informações sobre outras bandas de outros estados.

E foi através dessas observações que surgiu seu projeto giro independente, que trabalha com essa idéia de circulação. O projeto tem dois anos e já foi aprovado no edital da caixa, o primeiro show foi Eddie + Retrofoguetes + DJ’s, depois na Zauber com Lampironicos, num período de março, abril e setembro. A idéia era trabalhar com artistas de diferentes linguagens, mas as bandas que chegavam era essencialmente Rock. Seu primeiro show fez sozinha depois agregou parceiros que comprassem a idéia do projeto. O público esperado nos eventos faz parte de um segmento que cresce Salvador precisa se inserir mais e atrair esse público, para ela, a causa disso se deve ao crescimento e expansão do Axé influenciado também pelo carlismo. “Há dificuldades para desenvolver esse lado e com isso esses músicos que tocavam nesse segmento foram para o Axé, a quantidade de bandas e público diminuiu” diz Jamile.

Destaca que as casas noturnas cada vez mais são fechadas e que não há festivais na cidade tanto de música quanto em outras áreas como: audiovisual, teatral etc. devido a um enclausuramento que a Bahia passou. Diz ainda, que com a mudança de governo e a separação das secretárias de turismo e cultura, a parti daí uma nova visão e olhar podem tomar forças e se desenvolver. O Rock se transformou em resistência ao movimento de Axé aqui e há um declínio da cena Rock por causa da política anterior do governo.

Com relação às rádios que reproduzem esse Axé, segundo ela, seria uma conseqüência do processo e do governo que projeta a Bahia em cima do turismo. “A TV Bahia trabalha em cima dessa imagem. O Axé contribuiu para abafar a alma do Rock, tanto quanto outros movimentos. A máquina estatal é muito forte, porém há movimentos como o de música eletrônica que é crescente num movimento nacional. Temos também a grande influência do mangue beach que fortaleceu esse movimento aqui” diz Jamile.

Jamile encerra a palestra falando um pouco do que é ser independente. Para ela, fazer música independente é não estar atrelado a nenhuma grande marca, esses existem independentes de ter ou não patrocínio. Maria Bethânia, por exemplo, se julga, mas não é. Há três segmentos: Men strain Business, independente e underground. O Mundo Livre S/A são independentes não tem gravadora, pensam e vendem seus próprios CDs nos shows. Há diversas classificações para independente, Maria Bethânia, tem um selo na biscoito fino que é de uma gravadora independente. De acordo com o conceito de direito autoral Carlinhos Brown se considera também e assim por diante. “Há contradições entre produção independente e direito autoral”, diz Jamile.

quarta-feira, 13 de junho de 2007

Resenha - POLÍTICAS CULTURAIS DO GOVERNO LULA / GIL: DESAFIOS E ENFRENTAMENTOS

O Texto Políticas Culturais do Governo Lula / Gil é em primeiro lugar histórico e trata principalmente das políticas culturais já implementadas ou não no Brasil desde os tempos de Colônia. Albino Rubim explica que para se fazer qualquer análise da gestão do MinC nos últimos anos é necessário compreender toda a atuação do governo na área de cultura ao longo da história do Brasil.
A divisão do texto se dá em duas fases, pré-governo Lula e Governo Lula. Dentro da fase anterior ao governo Lula há ainda três subdivisões: ausência, autoritarismo e instabilidade.
A fase da ausência de políticas públicas para a área de cultura se deu em diversos momentos na história sendo que aqui é cabível considerar todo o período do Brasil-colônia e mesmo após independência e proclamação da república com raros movimentos pró-criação de órgãos culturais como foi o caso do governo Vargas (SPHAN 1937). Mesmo no momento pós-ditatorial da nova república em 1988, o que se deu foi uma inversão do poder de decisão dos investimentos que saiu do estado para a iniciativa privada, com a criação das leis de incentivo.
O autoritarismo deu o tom das políticas culturais nos governos ditatoriais, como não haveria de ser diferente. Segundo Rubim tal atuação visava instrumentalizar a cultura; domesticar seu caráter crítico; submetê-la aos interesses autoritários; buscar sua utilização como fator de legitimação das ditaduras e, por vezes, como meio para a conformação de um imaginário de nacionalidade. O autor ressalta ainda que mesmo diante dessa instrumentalização houve um avanço significativo no trato da cultura pelo estado.
A instabilidade presente nas mudanças de governo e consequentemente nas visões de ação cultural também veio prejudicar o desenvolvimento de políticas de cultura firmes e duradouras. Os militares acabaram com experiências positivas nas Universidades como os CPC’s – Centros Populares de Cultura. A cultura que até 1953 estava vinculada ao Ministério de Educação e Saúde passa a compor o Ministério de Educação e Cultura, e só em 1985 passa a compor um ministério autônomo, que foi logo transformado em secretaria no governo Collor. Esses são exemplos da instabilidade presente.
Após esse delineamento inicial que toma metade do texto ele vai analisar a ação do Minc no Governo Lula tomando por base a superação que tem sido desenvolver políticas no estado de “terra arrasada” em que se encontrava o setor. A palavra de ordem nesse momento no texto passa a ser a amplitude dos programas e projetos desenvolvidos pelo ministério sempre com um tom positivo a atuação do ministro-artista Gilberto Gil.
As limitações e obstáculos a serem enfrentados resultam da nova visão de cultura que o MinC tem tomado, dando conta da dimensão antropológica, que necessita de uma atenção maior na hora de formulação de programas. Ressalte-se também a necessidade de mais concursos que preencham cargos na área de cultura, uma descentralização dos equipamentos do ministério, revisão das leis de incentivo e por fim, a conquista de um maior e perene orçamento para a cultura.
Referência: RUBIM, Antonio Albino Canelas. POLÍTICAS CULTURAIS DO GOVERNO LULA / GIL: DESAFIOS E ENFRENTAMENTOS. In: III ENECULT, 2007, Salvador. Anais. Cd-rom.

domingo, 10 de junho de 2007

Semínario - Música Eletrônica na Bahia

O cenário musical baiano tem sofrido uma mudança significativa nos últimos 7 anos. Onde reinavam absolutos o axé e o pagode, grupos de rock, pop e principalmente de música eletrônica estão conseguindo obter destaque tanto junto ao público quanto junto à mídia. Apesar de ainda permanecer como um gênero alternativo, a música eletrônica deixou de ser underground.

Desde a instalação do Núcleo Pragatecno Salvador (1999) para cá, o número de festas, casas noturnas e até mesmo lojas voltadas para um público com inclinação clubber cresceu e vem se consolidando como mais uma faceta cultural da cidade, demonstrando que é mais do que apenas um fenômeno da moda.

Antes restritas às casas noturnas da cidade, na maioria boates gays como a Off Club, surge na Bahia uma cultura tecno-rave, onde festas clubbers são realizadas em locais inusitados como casarões em ruínas no comércio e a música eletrônica é o estilo musical que embala a noite. A realização da festa Zum Zum Zum, organizada pela promoter Lícia Fábio (25/11/2006) mostrou como a música eletrônica está se tornando cada vez mais presente em Salvador. Acolhido por um público bem diversificado, com idades entre 18 e 40 anos e das B e A, o evento teve uma estrutura dividida em três ambientes (camarote, pista coberta, largo externo) com muito conforto e uma grande variedade de serviços, como open bar, sorveteria, barraca de charutos, dance bar, exposição de carros e telão.

A arte eletrônica está sim, portanto, nascendo e crescendo na Bahia. Apesar das dificuldades representadas pelo domínio exercido pela Axé Music e do Pagode sobre o mercado musical baiano, cada vez mais produtores apostam na força da música eletrônica.

A cultura cyberpunk está se desenvolvendo na Bahia, onde despontam grupos divulgadores de música eletrônica, assim como raves que cultuam o verdadeiro dogma de paz, amor, unidade.
Manifestações populares, como o carnaval, abrem espaço para a cultura tecno-rave, cujo techno, house, drum´n bass... e tantas outras variações de estilo invadem o reino do axé e se infiltram até em eventos que homenageiam orixás. Lojas voltadas para o público clubber não estão mais escondidas nos guetos da cidade, mas sim em grandes shoppings da cidade. Seus produtos são considerados fashion pela moda e vendidos para todo o tipo de público, desde os verdadeiros clubbers até as “patricinhas” e “mauricinhos” que procuram sempre estar acompanhando o vai e vem da moda.

Existe, então, uma arte eletrônica na Bahia, com público, divulgação e grupos expressivos, que não tem por princípio apenas absorver a música que vem de fora, numa relação colonialista, mas sim tem o intuito de não se conectar a nenhuma cena local, posto que a arte eletrônica baiana e o movimento cyberpunk baiano se consideram parte de um movimento global da cultura cyberpunk que se manifesta através da música eletrônica.

domingo, 27 de maio de 2007

Resenha dos Seminários com Gestores públicos

Universidade Federal da Bahia
Faculdade de Comunicação
Disciplina: Seminários de atualização em cultura
Docente: Leonardo Costa
Discente: Rafael Lauria Raña Viana

Resenha
Debate com convidados da Secretaria da Cultura e da Fundação Cultura do Estado

No dia 08 de Março de 2007, gestores públicos da cultura recém empregados em seus cargos após a eleição do novo governo do Estado da Bahia reuniram-se com o meio acadêmico e integrantes da mídia na Faculdade de Comunicação da UFBA afim de que fosse apresentado o novo plano de governo para a gestão que será vigente durante os próximos quatro anos.
Dentre os gestores convidados a apresentar seu plano de gestão estavam Póla Ribeiro, que assumiu o Irdeb; Frederico Mendonça, do Ipac; Gisele Nussbaumer (Gica), diretora da Fundação Cultural do Estado da Bahia (Funceb) e Ubiratan Castro, gestor da Fundação Pedro Calmon. Seguindo a ordem de apresentações, Póla Ribeiro, do Ipac, foi a primeira. Um dos fatos mais importantes de sua gestão e de todas as outras na área da cultura no Estado foi a divisão que ocorreu, segundo Póla ´´ à facão ``, entre cultura e turismo. A partir deste ano, a Secretaria não será mais de Cultura e Turismo, mas unicamente de Cultura. Entretanto ela ainda é, segundo Póla Ribeiro, uma espécie de ´´ Frankenstein``, cheia de retalhos de outras áreas diversas que não a cultura. Póla acredita que a mídia de um modo geral, mas mais especificamente a TV, possui uma função de ´´ tirar o véu``, ou seja, expor os fatos e estar comprometido com a realidade. De acordo com a palestrante, Márcio Meirelles, novo secretário da cultura, teve um compromisso em ´´ tirar o véu`` quando foi apresentar a equipe da Secretaria para as comunidades. A gestora acredita que existe um jornalismo fraco na TV baiana, descompromissado em ´´ tirar o véu``, uma vez que não deu a devida importância às mudanças na nova gestão e seu plano de governo. Fora isso, um ponto importante colocado ainda nessa primeira apresentação é o plano de se associar às rádios comunitárias e abrir novas possibilidades, oxigenar a rádio no Estado, levando profissionais para fazer oficinas de capacitação.
O segundo gestor público da cultura a expor seu plano de ação foi Frederico Mendonça, do Ipac. Sua primeira colocação foi um esclarecimento acerca da função do Ipac, desconhecida pela maioria das pessoas, que é a responsabilidade pela área de patrimônios públicos da cultura, se guiando pela noção de patrimônio cultural presente na constituição brasileira. De acordo com Frederico Mendonça, o Ipac está profundamente carente de um suporte mais efetivo, valorização do quadro funcional e técnico. Ele afirma que os funcionários ´´ perderam o tesão`` principalmente devido aos baixos salários. Falou da diretoria de Museus, enfatizando que a maioria deles está concentrada no Pelourinho e que a situação dos museus em geral vai de regular a péssima e nenhum deles está numa boa situação. Um ponto importante dessa nova gestão foi o fim do projeto ´´ Pelourinho Dia e Noite``. Frederico Mendonça disse que é preciso ´´ arquivar esse nome no fundo do oceano``. ´´ O pelourinho não é um shopping 24 horas e não há necessidade de fazer espetáculo em cima de espetáculo. O Pelourinho em si já é um espetáculo. Nada mais de palco gigante no Pelourinho``. A ação do Ipac hoje é, segundo ele, recolocar em discussão a associação da ação de valorização do patrimônio à preservação do meio ambiente e ao desenvolvimento urbano. Enfatiza que a gestão deve ter um posicionamento crítico referente a essas necessidades: ´´ É preciso se instrumentar, se armar, para a demanda das prefeituras e comunidades do interior. Um prefeito do interior tombou de uma só vez 25 imóveis``.
Após Frederico Mendonça, Gica, diretora da Funceb, fez uma rapidíssima, ainda que objetiva e completa, apresentação com slides sobre as mudanças na nova gestão. Entre os pontos mais importantes colocados dentre os inúmeros citados estavam a redefinição da administração interna e do quadro de funcionários. Ela enfatizou mais de uma vez que a Funceb conta com 1.200 funcionários. ´´ É preciso mexer no funcionamento interno. A estrutura é grande, antiga e defasada. O peso da estrutura paralisa o funcionamento``. Além disso, de agora em diante, as seguintes áreas terão diretorias específicas: Dança, Música, Teatro e Artes Visuais. Cada uma dessas terá uma diretoria separada das outras, não mais existindo, por exemplo, a Diretoria de música e artes cênicas (Dimac), de forma que cada uma dessas áreas tenha a partir de agora uma atenção especializada. Uma outra questão relevante colocada foi a reformulação do projeto ´´ Sua Nota é um Show``. A proposta da nova gestão da Funceb é ampliá-lo para além da Música, de forma a incluir também espetáculos de Dança, Teatro e outras áreas.
Em seguida, foi a vez da exposição do plano de gestão da Fundação Pedro Calmon por Ubiratan Castro. O palestrante tinha convicção ao iniciar seu discurso afirmando que o Governo de Lula e a eleição de Wagner são um marco para desenvolvimento social na Bahia. Ubiratan explicou em seguida que a Fundação Pedro Calmon é responsável pela área de literatura e Biliotecas na gestão pública da Cultura. Um dos pontos de maior importância em sua apresentação foi a referência aos problemas de estrutura na Biblioteca Central, uma de grande porte e bem localizada, próxima à Estação da Lapa. O prédio necessita de manutenção e o público tem caído, o que aponta para a necessidade de os gestores se ocuparem do problema, de ser gasto dinheiro para a recuperação do prédio e de se colocar em prática novas estratégias de levar o público ao encontro da leitura. Nesse sentido, ele cita o Programa Nacional do Livro, empregado pelo Governo Federal, e afirma que se precisa criar um programa estadual também. Ele acredita na idéia de caravanas de leitura, de ir às ruas para levar os livros à população, uma ´´ caravana popular com literatura popular``. Em suma, afirma que o desenvolvimento deve ser pautado por democracia e participação popular, o que leva a crer que tem a intenção de assim o fazer em sua gestão.

quinta-feira, 24 de maio de 2007

O músico João Reis fala sobre Música Independente


O músico João Reis, convidado da palestra sobre Música Independente, começou a sua fala sobre a IMA - Independência Musical Associada - constituída por um grupo de músicos independentes, com o propósito de criar condições de produção, execução, divulgação e distribuição dos trabalhos de seus artistas para o Brasil e exterior. Além disso, a IMA pretende formar uma entidade jurídica, que represente os seus associados.

Dentre algumas realizações da IMA, pode-se destacar o projeto “Noites Independentes”, que consiste em uma série de apresentações dos artistas do IMA, alternadas com debates em meio a apresentações musicais, possibilitando uma integração entre músicos, bem como a produção de conhecimento sobre o mercado da música independente. Os shows, por sua vez, estão inseridos num projeto maior, o Circuito de Shows IMA, o qual realiza shows dos seus músicos independentes associados. Esse circuito inclui, como espaços de apresentação dos shows, o Teatro Sesi, o Espaço Mar de Esmeraldas, a Casa da Mãe e espaços ao ar livre, como a Lagoa do Abaeté.

Para maiores informações sobre a IMA:
http:
//imabahia.vilabol.uol.com.br

João ressaltou, em seu discurso, a potencialidade da Bahia no cenário artístico como um todo, em especial na música, ao se caracterizar historicamente no ambiente cultural, como um importante centro de criação e produção, ao revelar artistas que figuram entre os mais criativos e respeitados no cenário nacional. Em contrapartida, Reis salienta que, nos últimos anos, há uma predominância quase exclusiva da música de carnaval, popularmente conhecida como Axé Music. Tal generalização tem contribuído para que outros centros, como Pernambuco e Ceará, ocupassem o espaço de renovação e dinamismo na área da música.
Tendo como ponto de partida esse pressuposto, pensou-se na necessidade de organizar ações que fortaleçam iniciativas artísticas de pequeno porte. Assim, o Programa de Apoio à Exportação de Música (Pró-Música) é uma parceria entre o Ministério da Cultura e o Sebrae, lançada em 2005, no sentido de ampliar e expandir a produção musical brasileira, tornando-a mais presente no exterior. A partir deste plano, surgiu o POMBA – Pólo de Desenvolvimento da Música Independente da Bahia, que é composto pelo Terreiro Circular e pela IMA. João destacou a futura participação da IMA na Feira da Musica Independente Internacional de Brasília, no qual, de 02 a 05 de maio, irá reunir muitos artistas da música independente do cenário nacional e internacional, buscando estabelecer relações comerciais e vínculos artísticos.

Pegando este gancho, Reis lembra do dualismo entre o Mercado X mercado, onde o primeiro está associado ao esquema das gravadoras “majors” e o segundo se refere ao segmento independente, o que não quer dizer amador nem completamente independente do grande circuito. Além disso, endossou o que se pode chamar de segmentação de mercado no campo da música, no qual os produtos já têm seus públicos específicos, cada vez mais exigentes, não só em relação a música em si, como também pela sua embalagem e, observando este fato, muitas gravadoras inventam maneiras de atrair este público, com produtos mais elaborados.
Em relação ao SEBRAE, João afirma que esta instituição apoiou a estruturação da IMA desde o seu início, ao incentivar o fomento dos negócios na área de música, bem como apoiou a realização de eventos em outros estados que contaram com a participação da IMA. Houve também o lançamento de um CD de apresentação da IMA, produzido pelo POMBA, junto com parceiros, em janeiro de 2007.

Uma das questões apontadas na palestra foi a respeito da Associações de Produtores Culturais, APC, que atua em Salvador e no interior do estado, cujas reuniões acontecem freqüentemente, em locais como a FTC. Mesmo estando em fase inicial, a Associação já aponta algumas diretrizes, dentre elas a congregação dos produtores culturais, objetivando a troca de informações e experiências; a defesa dos direitos e interesses da classe dos associados; contribuir com a capacitação dos produtores culturais e a manutenção de um órgão de orientação jurídica e consultoria técnica de aspectos concernentes à área.

Contato da Associação: produtoresculturais@gmail.com