domingo, 27 de maio de 2007

Resenha dos Seminários com Gestores públicos

Universidade Federal da Bahia
Faculdade de Comunicação
Disciplina: Seminários de atualização em cultura
Docente: Leonardo Costa
Discente: Rafael Lauria Raña Viana

Resenha
Debate com convidados da Secretaria da Cultura e da Fundação Cultura do Estado

No dia 08 de Março de 2007, gestores públicos da cultura recém empregados em seus cargos após a eleição do novo governo do Estado da Bahia reuniram-se com o meio acadêmico e integrantes da mídia na Faculdade de Comunicação da UFBA afim de que fosse apresentado o novo plano de governo para a gestão que será vigente durante os próximos quatro anos.
Dentre os gestores convidados a apresentar seu plano de gestão estavam Póla Ribeiro, que assumiu o Irdeb; Frederico Mendonça, do Ipac; Gisele Nussbaumer (Gica), diretora da Fundação Cultural do Estado da Bahia (Funceb) e Ubiratan Castro, gestor da Fundação Pedro Calmon. Seguindo a ordem de apresentações, Póla Ribeiro, do Ipac, foi a primeira. Um dos fatos mais importantes de sua gestão e de todas as outras na área da cultura no Estado foi a divisão que ocorreu, segundo Póla ´´ à facão ``, entre cultura e turismo. A partir deste ano, a Secretaria não será mais de Cultura e Turismo, mas unicamente de Cultura. Entretanto ela ainda é, segundo Póla Ribeiro, uma espécie de ´´ Frankenstein``, cheia de retalhos de outras áreas diversas que não a cultura. Póla acredita que a mídia de um modo geral, mas mais especificamente a TV, possui uma função de ´´ tirar o véu``, ou seja, expor os fatos e estar comprometido com a realidade. De acordo com a palestrante, Márcio Meirelles, novo secretário da cultura, teve um compromisso em ´´ tirar o véu`` quando foi apresentar a equipe da Secretaria para as comunidades. A gestora acredita que existe um jornalismo fraco na TV baiana, descompromissado em ´´ tirar o véu``, uma vez que não deu a devida importância às mudanças na nova gestão e seu plano de governo. Fora isso, um ponto importante colocado ainda nessa primeira apresentação é o plano de se associar às rádios comunitárias e abrir novas possibilidades, oxigenar a rádio no Estado, levando profissionais para fazer oficinas de capacitação.
O segundo gestor público da cultura a expor seu plano de ação foi Frederico Mendonça, do Ipac. Sua primeira colocação foi um esclarecimento acerca da função do Ipac, desconhecida pela maioria das pessoas, que é a responsabilidade pela área de patrimônios públicos da cultura, se guiando pela noção de patrimônio cultural presente na constituição brasileira. De acordo com Frederico Mendonça, o Ipac está profundamente carente de um suporte mais efetivo, valorização do quadro funcional e técnico. Ele afirma que os funcionários ´´ perderam o tesão`` principalmente devido aos baixos salários. Falou da diretoria de Museus, enfatizando que a maioria deles está concentrada no Pelourinho e que a situação dos museus em geral vai de regular a péssima e nenhum deles está numa boa situação. Um ponto importante dessa nova gestão foi o fim do projeto ´´ Pelourinho Dia e Noite``. Frederico Mendonça disse que é preciso ´´ arquivar esse nome no fundo do oceano``. ´´ O pelourinho não é um shopping 24 horas e não há necessidade de fazer espetáculo em cima de espetáculo. O Pelourinho em si já é um espetáculo. Nada mais de palco gigante no Pelourinho``. A ação do Ipac hoje é, segundo ele, recolocar em discussão a associação da ação de valorização do patrimônio à preservação do meio ambiente e ao desenvolvimento urbano. Enfatiza que a gestão deve ter um posicionamento crítico referente a essas necessidades: ´´ É preciso se instrumentar, se armar, para a demanda das prefeituras e comunidades do interior. Um prefeito do interior tombou de uma só vez 25 imóveis``.
Após Frederico Mendonça, Gica, diretora da Funceb, fez uma rapidíssima, ainda que objetiva e completa, apresentação com slides sobre as mudanças na nova gestão. Entre os pontos mais importantes colocados dentre os inúmeros citados estavam a redefinição da administração interna e do quadro de funcionários. Ela enfatizou mais de uma vez que a Funceb conta com 1.200 funcionários. ´´ É preciso mexer no funcionamento interno. A estrutura é grande, antiga e defasada. O peso da estrutura paralisa o funcionamento``. Além disso, de agora em diante, as seguintes áreas terão diretorias específicas: Dança, Música, Teatro e Artes Visuais. Cada uma dessas terá uma diretoria separada das outras, não mais existindo, por exemplo, a Diretoria de música e artes cênicas (Dimac), de forma que cada uma dessas áreas tenha a partir de agora uma atenção especializada. Uma outra questão relevante colocada foi a reformulação do projeto ´´ Sua Nota é um Show``. A proposta da nova gestão da Funceb é ampliá-lo para além da Música, de forma a incluir também espetáculos de Dança, Teatro e outras áreas.
Em seguida, foi a vez da exposição do plano de gestão da Fundação Pedro Calmon por Ubiratan Castro. O palestrante tinha convicção ao iniciar seu discurso afirmando que o Governo de Lula e a eleição de Wagner são um marco para desenvolvimento social na Bahia. Ubiratan explicou em seguida que a Fundação Pedro Calmon é responsável pela área de literatura e Biliotecas na gestão pública da Cultura. Um dos pontos de maior importância em sua apresentação foi a referência aos problemas de estrutura na Biblioteca Central, uma de grande porte e bem localizada, próxima à Estação da Lapa. O prédio necessita de manutenção e o público tem caído, o que aponta para a necessidade de os gestores se ocuparem do problema, de ser gasto dinheiro para a recuperação do prédio e de se colocar em prática novas estratégias de levar o público ao encontro da leitura. Nesse sentido, ele cita o Programa Nacional do Livro, empregado pelo Governo Federal, e afirma que se precisa criar um programa estadual também. Ele acredita na idéia de caravanas de leitura, de ir às ruas para levar os livros à população, uma ´´ caravana popular com literatura popular``. Em suma, afirma que o desenvolvimento deve ser pautado por democracia e participação popular, o que leva a crer que tem a intenção de assim o fazer em sua gestão.

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