domingo, 10 de junho de 2007

Semínario - Música Eletrônica na Bahia

O cenário musical baiano tem sofrido uma mudança significativa nos últimos 7 anos. Onde reinavam absolutos o axé e o pagode, grupos de rock, pop e principalmente de música eletrônica estão conseguindo obter destaque tanto junto ao público quanto junto à mídia. Apesar de ainda permanecer como um gênero alternativo, a música eletrônica deixou de ser underground.

Desde a instalação do Núcleo Pragatecno Salvador (1999) para cá, o número de festas, casas noturnas e até mesmo lojas voltadas para um público com inclinação clubber cresceu e vem se consolidando como mais uma faceta cultural da cidade, demonstrando que é mais do que apenas um fenômeno da moda.

Antes restritas às casas noturnas da cidade, na maioria boates gays como a Off Club, surge na Bahia uma cultura tecno-rave, onde festas clubbers são realizadas em locais inusitados como casarões em ruínas no comércio e a música eletrônica é o estilo musical que embala a noite. A realização da festa Zum Zum Zum, organizada pela promoter Lícia Fábio (25/11/2006) mostrou como a música eletrônica está se tornando cada vez mais presente em Salvador. Acolhido por um público bem diversificado, com idades entre 18 e 40 anos e das B e A, o evento teve uma estrutura dividida em três ambientes (camarote, pista coberta, largo externo) com muito conforto e uma grande variedade de serviços, como open bar, sorveteria, barraca de charutos, dance bar, exposição de carros e telão.

A arte eletrônica está sim, portanto, nascendo e crescendo na Bahia. Apesar das dificuldades representadas pelo domínio exercido pela Axé Music e do Pagode sobre o mercado musical baiano, cada vez mais produtores apostam na força da música eletrônica.

A cultura cyberpunk está se desenvolvendo na Bahia, onde despontam grupos divulgadores de música eletrônica, assim como raves que cultuam o verdadeiro dogma de paz, amor, unidade.
Manifestações populares, como o carnaval, abrem espaço para a cultura tecno-rave, cujo techno, house, drum´n bass... e tantas outras variações de estilo invadem o reino do axé e se infiltram até em eventos que homenageiam orixás. Lojas voltadas para o público clubber não estão mais escondidas nos guetos da cidade, mas sim em grandes shoppings da cidade. Seus produtos são considerados fashion pela moda e vendidos para todo o tipo de público, desde os verdadeiros clubbers até as “patricinhas” e “mauricinhos” que procuram sempre estar acompanhando o vai e vem da moda.

Existe, então, uma arte eletrônica na Bahia, com público, divulgação e grupos expressivos, que não tem por princípio apenas absorver a música que vem de fora, numa relação colonialista, mas sim tem o intuito de não se conectar a nenhuma cena local, posto que a arte eletrônica baiana e o movimento cyberpunk baiano se consideram parte de um movimento global da cultura cyberpunk que se manifesta através da música eletrônica.

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