quinta-feira, 21 de junho de 2007

Resenha sobre o vídeo
“Da boca pro palco”


O vídeo é um relato de pessoas que de alguma possuem ligação com a produção cultural, seja como produtor, artista ou mesmo atuando nos dois papeis. É importante ressaltar que é um vídeo do ano 2000 e que, portanto, muitas das declarações, que poderiam naquela época soarem como inovadoras, hoje são completamente corriqueiras. Dentre estas falas destaquei, por apresentar pontos interessantes que algumas vezes alimentam certo debate e outras reafirmam o que é repetido incessantemente na faculdade, são as falas de Ivana Souto ( produtora), Rogério Duarte ( professor e designer) e Messias Bandeira ( músico).

Ivana faz considerações acerca da produção cultural enquanto profissão, ressaltando a importância de pensá-la amplamente e a importância do produtor especializar-se e atualizar-se sempre, afirmando que não é possível conceber a produção de qualquer produto cultural sem planejamento, ou seja, sem pensar na pré – produção, na produção e na pos pós - produção.

“É o cara que é afinado com um determinado espírito da cultura e a partir disso se torna produtor. . . em geral é o cara que tem paixão por uma determinada coisa” , essa é a primeira frase de Rogério Duarte e me chamou atenção, primeiro por ir na direção contrária da fala de Ivana e não só por isso, mas especialmente, porque parece no mínimo igênuo. Primeiro, mesmo concordando que pessoas são produtores por amor a algum segmento cultural, não posso pensar que somente esse é produtor, em especial porque se assim fosse, o que justificaria um curso de graduação em Comunicação e Produção Cultural? Ou mesmo como justificar, o fato de que o próprio Rogério Duarte é professor de produção cultural? Aceitar esse argumento seria o mesmo que negar–se. Mesmo naquele tempo o campo já havia se especializado e hoje é inviável pensar a produção de forma amadora e apenas como um hobby de pessoas que são apaixonadas pela arte.

Duarte, nega a dicotomia artistas versus produtores, afirmando que não há razão para sua existência . Na prática não é o que se vê, pois a maioria dos artistas não sabem como lidar com o mundo da produção ou aprendem sobre “duras penas”, e isso pode ser comprovado no próprio vídeo com a fala de Edvaldo Bolagi, quando testemunha sobre as dificuldades para colocar em cena um determinado espetáculo e as dificuldades enfrentadas pelos artistas que montavam o cenário, equipamentos e também como a falta de “tato” com a produção, levou o espetáculo a concluir a montagem no vermelho.

Outro importante trecho do texto é a fala do músico Messias Bandeira, desse discurso destaquei um questionamento sobre as responsabilidades sobre o modo de se produzir cultura Estado, artistas ou iniciativa privada, a quem cabe a função de gerenciar o processo. Ele não expressa uma opinião e por vezes se mostra indeciso. No entanto, considero que os três âmbitos são importantes para o processo, mas cabe ao Estado o papel de gerenciador e regulamentador deste processo, através da criação de mecanismos que incitem o desenvolvimento de produções e da implantação de políticas públicas amplas.

No geral não gostei do vídeo, primeiro porque não trouxe nada de novo e segundo porque a produção não era das melhores. Os enquadramentos, os ângulos e também algumas falas eram desnecessárias se alguns convidados fossem mais explorados. Por exemplo, José de Alencar, Carlinho Cor das Águas, Paulo Henrique, em fim, ou terem através de questionamentos puxar mais informações destes, ou então buscar essas informações de o Rogério, a Ivana ou Messias.

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