quinta-feira, 5 de julho de 2007

RESENHA ENECULT III MESA FINAL

Enecult III (mesa final) - Balanço final do Enecult
Ocorrida no dia 25 de maio de 2007 às 17hs no auditório da FACOM
Tema: A Institucionalização da área da cultura: Estudos e gestão
Componentes: Mario Mazzili (Brasil)
Isaura Botelho (Brasil)
Albino Rubim (Brasil)

Por: Daniel Mendes

Mario Mazzili

Representante do Itaú cultural resumindo-se basicamente em apresentar para o publico composto por professores, estudantes de comunicação de diversas regiões do país e por interessados no tema as idéias e o andamento do observatório cultural criado pela instituição. Exaltou os 20 anos do Itaú cultural, falando do surgimento dessa estância, o observatório, na USP que iniciou uma “ponte” entre a universidade e as instituições para colaboração na elaboração de políticas publicas para a cultura. Ele também expõe a linha de raciocínio do observatório que é, em primeiro lugar, elaborar estudos para a cultura seguida de uma difusão dos trabalhos produzidos e apoiados, ou seja, uma política de publitização, como por exemplo, a distribuição de revistas – 3 edições para esse ano podendo ser 4 edições no ano que vem – em locais como prefeituras municipais e nas instituições. Conclui sua participação na mesa falando da inauguração do site, onde terá a revista além de artigos e informações sobre o observatório, que fechou um acordo com a USP e a UNESCO para receber pesquisadores internacionais e fomentar a criação de cursos na área da produção cultural.

Isaura Botelho

Partiu do tema citando exemplos internacionais já existentes como o “circle” na França que organiza seminários e facilita a disseminação da produção cultural e o “cultura em link” da UNESCO, além de outros exemplos que buscam como objetivo maior a criação de um instituto de pesquisa permanente, porém, a palestrante não da foco a área da pesquisa e gestão – que era a proposta do tema – se resumindo a focar o fato do Brasil ainda não apresentar uma fisionomia definida nesse setor da cultura. No final da sua participação, após ter sido lembrada pelo colega de mesa Albino, Isaura parte para a proposta do tema dando uma observação importante: é fato que nenhum dos órgãos citados por ela nesse debate planejam a cultura ou a vida cultural. O objetivo desses campos de pesquisas é o de estimular o desenvolvimento de ferramentas nas instituições para a produção cultural. Lembrando que a UFBA é vanguarda na criação de centros de pesquisas em diversos campos das ciências humanas e com o enecult. Concluindo e resumindo sua idéia dizendo que esses campos vêm para estimular os poderes públicos a colaborarem de forma permanente nos setores de pesquisa na área cultural sendo a universidade a principal responsável em criar um ambiente multidisciplinar na área da cultura.



Albino Rubim

Antes de entrar no tema, ele fala sobre a cultura afirmando que ela é uma troca e um intercambio para a ampliação da discussão cultural. Apresentando idéias para essa ampliação, como a criação de formas de interação e a busca de uma consolidação de um campo amplo e generoso na área da cultura. Afirmando também que a comunicação é uma área ambígua, pois compõe o jornalismo e áreas das artes que interagem como campo da cultura. Justificando que os estudos da cultura ocorrem mais nos setores da comunicação. Expondo também uma pesquisa em que alunos que decidem cursar comunicação estão divididos em 1/3 para os que querem jornalismo, 1/3 para os que querem cinema e vídeo (área audiovisual) e 1/3 para os que querem a área da cultura e das artes. Entrando no tema, Albino primeiro cita a FACOM como exemplo devido a já existência de um centro de pesquisa na área da cultura – multidisciplinar – e também a existência de um centro de pós-graduação. A partir daí, foca a institucionalização da cultura apresentando as suas dificuldades de realização: primeiro seria a definição do conceito de cultura, pois esse conceito tem se modificado constantemente. Afirmando que esse termo – cultura – tem múltiplos sentidos. Segundo seria a delimitação de um campo cultural para a área da cultura. Depois ele parte para falar de movimentos históricos na área da cultura: primeiro falando da crise da política no séc.xx, gerando uma “culturalização da política”, ampliando a temática cultural como, por exemplo: mulher, meio ambiente, direitos sexuais, religiosidade e direitos culturais. Depois fala de outro movimento histórico importante que foi a “culturalização da mercadoria”. Bens materiais adquirem valor – bens materializados – forte significação desses bens – impregnação de sentidos. Afirmando que no mundo cada vez mais ocorre a ampliação do campo da cultura. O tema cultura é colocado na agenda publica nacional e global – muitos países participaram de diversos debates culturais levando os EUA a tentar interferir nessa área que para eles era muito caro. A partir da apresentação da noticia sobre a presença de uma convenção universal sobre diversidade cultural onde ocorrem debates sobre políticas publicas, Albino entra no tema da gestão cultural e os seus vários patamares e suas conexões: Globalização, plano nacional, plano supranacional (como a UNESCO) e também em outros patamares (governos locais). Dando ênfase ao protagonismo das cidades nas gestões culturais. Afirmando que elas hoje se ocupam de series de tarefas que antes eram feitas pelo estado. Exemplo: relações internacionais e também no campo da cultura, denunciando a existência de problemas governamentais e de fluxos da produção cultural. Depois, Albino fala dos desafios específicos aos estudos de cultura. Apontando duas ordens: 1) o desenvolvimento do conhecimento disciplinar deixou de ser capaz de dar conta da complexidade da realidade e fez surgir então campos multidisciplinares para dar conta dessa complexidade. 2) a segunda ordem é como criar uma institucionalização? Respondendo ele próprio que tem que haver uma leveza e uma flexibilidade para interagir e respeitar esse caráter especifico da cultura – multidisciplinar – sendo diferente das outras formas de institucionalização já ocorridas.

Final do Debate

Os palestrantes voltam-se para o publico na tentativa de estimular uma reflexão de todos sobre o tema. Expondo as suas expectativas para o assunto debatido. Resumindo que “a institucionalização da cultura” é criar canais para financiar uma melhor gestão da vida cultural. Buscando encontrar as lacunas e procurando as prioridades na área. Apoiando a legitimação de um campo de pesquisa e estimulando a universidade para ela ser o grande centro interlocutor entre os apoiadores e os centros de pesquisa.

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